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  • Foto do escritorMarcello de Alencar Silva

As Feridas Emocionais De Um Nascimento Prematuro


Uma decisão médica de urgência é tomada para salvar a vida da mãe e a do bebê… o parto ocorre sem nenhuma previsão, perturbando todos os projetos familiares… todas as antecipações sonhadas pelos pais prevendo esse dia tão esperado que é a vinda de seu filho ao mundo.


Este filho, nascido prematuramente, no pânico e no imprevisto, lhes é tirado muito precocemente. A incerteza de sua sobrevivência, sua fragilidade, causam grande angústia nos pais… e uma ferida emocional que, muitas vezes, não cicatriza.


A mãe, prematuramente mãe, acha-se impedida, vivendo aquele nascimento como um traumatismo sem nome. Essa interrupção abrupta da gestação causa-lhe um sentimento de irrealidade: “Esse filho é realmente meu? Saiu de meu ventre?”. Quando visita o bebê pela primeira vez, pode parecer distante, ausente… muitas vezes queixando-se desse sentimento de irrealidade ou mesmo ainda “sentindo” o filho dentro de si. Os últimos meses da gestação, quando a barriga está bem aparente, quando enxerga-se ali o bebê, quando a mãe o sente mexer e aprende a conhecê-lo, são momentos extremamente importantes para a construção emocional da criança assim como da mãe. O parto prematuro ocorre quando a mulher mal começava a sentir os movimentos de seu bebê e a ser reconhecida enquanto mulher grávida, como uma futura mãe. Esse tempo de elaboração é indispensável, pois permite a criança constituir-se não só no útero da mãe, mas também em sua fantasia.


Na mente materna, preparar o enxoval, o quarto do bebê, seu berço e tudo o que está ligado à vinda dessa nova criança, permitem-lhe começar a conceber uma representação de seu filho. Esses últimos meses deixam-lhe o tempo de imaginar, a sonhar seu filho, a conhecê-lo e a ser reconhecida como mãe pela sociedade, estatuto particular que a faz sentir-se forte e importante.


A autoimagem materna, pode tornar-se manchada por este parto prematuro, fazendo com que ela se sinta decepcionada consigo mesma, por não ter levado a gestação até o final e gerar um filho conforme suas expectativas. Como sentir-se mãe desse bebê que pouco interage, que não mama no seio, que não olha? O nascimento, então, parece anular-se… e a mãe permanece portadora do filho imaginário para tentar lutar contra a decepção e sentimento de culpa.


Se a ambivalência está presente em cada nascimento, o parto prematuro coloca em primeiro plano a sensação de ser perigosa para o próprio filho. Vida e morte encontram-se demasiadamente próximas e misturadas. O bebê prematuro não pode vir em socorro de sua mãe, deixando-a sozinha diante de sua angústia…


É nesse momento que, muitas vezes, faz-se fundamental o acompanhamento psicológico materno, para prevenir episódios delirantes ou de graves estados depressivos.


O nosso corpo interliga-se completamente por tecidos específicos e órgãos cujas relações iniciaram ainda no período gestacional. Não há uma dor ou disfunção sequer que não provoque alterações adjacentes ou sistêmicas, assim também são nossas emoções. Elas possuem relações com nossos órgãos e tecidos e manifestam-se no físico. A Microfisioterapia como uma terapia integrativa e complementar atua identificando por meio de toques sutis na pele os bloqueios que se manifestam no corpo, essa reinformação faz parte dos princípios homeopáticos que irão despertar a potencialidade da autocura.


Bibliografia

Mathelin, C. (1999). O sorriso da Gioconda: clínica psicanalítica com os bebês prematuros. Rio de Janeiro: Cia. de Freud.

Leia mais: http://www.fasdapsicanalise.com.br/as-feridas-emocionais-de-um-nascimento-prematuro/#ixzz4B5vgOtNN


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