Por Dr. Paco BAUTISTA Pt, DO, PhD
Tradução Dr. Marcello ALENCAR
Em osteopatia definimos a disfunção somática como a alteração da função normal de qualquer elemento somático corporal: o músculo, a articulação, o nervo, o componente vascular ou linfático, e claro, o tecido conectivo que chamamos de fáscia.
Consideramos que há disfunção somática quando existe alteração da sensibilidade do tecido, generalmente aumentada, alteração tissular geralmente densificado, quando há uma assimetria ou mal alinhamento ou desequilibrio e por consequência existe uma perda de mobilidade ou flexibilidade e rigidez (STAR).
A investigação etiológica da disfunção somática, deve incluir um diagnóstico completo baseado em: anamnese, inspeção visual estática e dinâmica do paciente, palpação, testes ortopédicos, testes funcionais, testes de mobilidade global e analítico. E claro, por outros testes complementares.
Aqueles que se dedicam a identificar as áreas de disfunções clínicas ou restrições, tomam por referencia a percepção a partir do que é considerado normal para esta estrutura, considerando a especifidade de cada caso. Com base na nossa experiência anterior, ou em relação ao lado sadio, se houver.
Fazemos isso principalmente por meio manual ou por testes de extensibilidade, muscular, articular, palpação neural. A palpação manual como um diagnóstico de osteopatia foi validado por Fryer et al. O teste manual, potencialmente, aumentar sua confiabilidade quando realizado vários (3-4) para avaliar a mesma disfunção.
No âmbito da avaliação do tecido miofascial, como causa de facilitação e disfunção somática, devemos necessariamente incluir testes de grupos de extensibilidade muscular, equilíbrio e controle motor dos grupos musculares associados à disfunção fasical, e estudo do END FEEL, que sigifica sentir o final do movimento, considerando a resistência percebida durante todo o teste, bem como o comportamento do tecido durente o retorno a posição inicial. Tudo isso nos aponta o comportamento e nos dá informações sobre a função miofascial que integramos em nossa avaliação clínica.
Atualmente, o conhecimento sobre o deslizamento entre as lâminas do tecido fascial, nervos, vasos, visceras e músculo, tem sido reconhecida como uma fonte rica de informações potencialmente importantes da disifunção somática. A restrição da mobilidade em um destes componentes, desencadeia uma série de compensações que fortalece a fixação de uma disfunção somática.
O deslizamento intertissular é uma função relativamente pouco explorada de muitos tecidos moles, consiste ns capacidade de mover-se as lâminas de um tecido respectivo à outras, e no geral a capacidade de acomodar-se aos movimentos as estruturas adjacentes.
Esta observação entre outras, repercutiu nos conceitos neurodinâmicos e permitiu que outros parâmetros fossem incorporados aos testes de tensão neural e testes neurodinâmicos, onde também se explora a capacidade de deslizamento do tecido conectivo nervoso e não somente a capacidade de suportar tensão. A perda do deslizamento e da capacidade de suportar tensão determina o tipo de disfunção neural, e por consequência sua abordagem através da mobilização neurodinâmica.
Na fáscia, a perda da mobilidade intrertissular caracteriza um processo de destruição da matriz extracelular e aumento da densificação do tecido conectivo está associada disfunção somática fascial. A densidade da fáscia superficial toracolombar aumenta notavelmente em pessoas com dor lombar em comparação com pessoas que não apresentam esta dor. Um estudo de 2011, Langevin et al., observaram a densificação e espessamento fascial por ultrasonografía com uma redução significante do potencial de deslizamento entre as lâminas mais profundas da fáscia toracolumbar, em pacientes com lombalgia baixa. Algo similar foi observado no ECOM e escalenos em pacientes com dor cervical crônica.
As formas de avaliação do deslizamento são várias, desde a palpação dentro de uma exploração minuciosa, a observação da postura e observação do movimento funcional, que podem oferecer oportunidades adicionais para a identificação de restrições existentes entre as lâminas fasciais, assim como testes de mobilidades dinâmicos ou de tensão/extensibilidade.
Atualmente muitos fisioterapeutas incorporaram nas suas consultas a ecografía músculo-esquelética, onde podemos avaliar em tempo real o deslizamento entre planos mioaponeuróticos e fasciais durante o movimento ativo, e trocas de densidade por colorimetría, através da sonoelastografía.
Reestabelecer a função de deslizamento e devolver la viscoelasticidade ao tecido conectivo devem ser portanto um dos nossos objetivos quando tratamos a fáscia ou el nervo como elemento disfuncional.
Diferentes técnicas manuais ou instrumentalizadas, podem ser aplicadas com êxito segundo a literatura atual para o tratamento das disfunções fasciais, algunas com um objetivo maior sobre o deslizamento, e aumento do ácido hialurónico intertissular e portanto na melhora da lubricação, e outras técnicas com mais efeitos sobre o entrecruzamento e orientação das fibras de colágeno, estados de agregação da matriz extracelular e viscoelasticidade do tecido conectivo denso.
Artigo Original:
https://pacobautista.wordpress.com/2015/04/27/fascia-nervio-y-disfuncion-somatica-osteopatica/
Bibliografía:
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Dr. Marcello Alencar
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